sábado, 21 de abril de 2012

Bula.

Testaram cada canto da casa, como prometeram.
Se surpreendiam a cada detalhe cumprido por acaso.
Marcavam os corpos, com a necessidade do segredo.

Criaram uma criança, com sensibilidade de adulto.
Cantaram velhas músicas como se fossem inéditas.
Arrepiavam todas as vezes que as mãos entrelaçavam os cabelos.

Mas isso só aconteceu nos sonhos...

Sozinha na cama, com o travesseiro marcado de lágrimas.
A dor real da saudade e a certeza da sua permanência.
Um afastamento quase inevitável. Mas nunca completo.

Implorando que nada mudasse nos outros.
Não admitir nenhuma mudança em si.
Ter que enfrentar os dias, como batalhas.

Essa era a realidade. E assim que ela seria.

O tapete da sala permaneceria intacto.
O carro não saiu da garagem.
Os banheiros públicos permaneceram desocupados.
No box do chuveiro, apenas um.
O café da manhã não vinha sozinho até a cama.

E só o tempo mudaria isso. Ou não.
Só o tempo tem as respostas.

São ciclos que não se fecham sozinhos e não dependem de poucos.

Rui, Clarice, Mario, Fernando, Hermann, Elisa. Esqueça de todos eles.
Chico, Jorge, Pedro, Maria, Tiago, Chris. Esqueça desses também.
Não se apegue mais nas palavras, nem nas melodias.
Ocupe seu tempo com novas coisas.

Tente se enganar, nem que seja por alguns instantes.
Tente tudo ao seu alcance, e nunca chore. Sorria sempre.
Ainda guarde a mesma certeza que eu.

Os livros de capa bonita permanecem, com suas páginas marcadas de lembranças.
Mas isso não impede de que começe a ler um novo livro. E o novo livro tem nova importância.
Ainda assim, sem deixar nada para trás.

Promessas, tentativas, incertas, doloridas, necessárias.

E três palavras mantém seus significados.